Pensamento e Som

O Pensamento é o corpo do Som.

O Som é o corpo da Luz.

A Luz é o corpo da Consciência.

A Consciência é o corpo da humanidade.

A Alma, uma vez criada, é o corpo de todos eles.

 

PENSAMENTO E SOM

Os nossos pensamentos são a nossa destilação individual dos sons do mundo e do universo – da humanidade, da natureza, da vida a viver-se a si mesma. Estes sons preenchem o vasto espectro da vida e expressam-se através do pensamento humano, que depois leva à criatividade e empreendimento.

 

SOM E LUZ

Segundo as antigas crenças tibetanas, o som é constituído por luz. A luz, tanto física como espiritual, é a essência da construção de qualquer som.

O entrelaçar do som e da luz está bem patente na música, que é talvez a forma de arte mais poderosa e universal. A luz interior pode emitir sons que são parte do nosso ambiente pessoal, e o oposto é também verdadeiro. Do ponto de vista tibetano, a música que nos atrai cria de facto luz dentro do nosso cérebro e do nosso sistema nervoso, da mesma forma que incentiva a luz espiritual a brilhar da nossa consciência.

A música, tal como outras formas de arte, é muitas vezes a expressão das forças mentais da humanidade num dado momento, bem como um reflexo da saúde psíquica do nosso planeta. Isto acontece porque as obras se encontram repletas de luz e som – por outras palavras, de consciência. Pensemos em compositores com Mozart, Beethoven e Bach, e em pintores como Picasso e Matisse.

 

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Fonte. wook.pt

Os Elementos

TERRA

A terra é a natureza material das coisas: matéria, peso, durabilidade e densidade. Ele regula a estrutura do nosso corpo – os sistemas ósseos e muscular – e o modo como reagimos ao que nos circunda.

Este elementos participar na criação de todos os tipos de músculos do nosso corpo, em todos os aspectos do desenvolvimento ósseo, medula óssea e crescimento da pele, olhos e as suas funções. Influencia o olfacto e também a forma como os nossos sentidos físicos interagem entre si. A terra também faz despertar a nossa percepção do tempo e as experiências do viver diário, a morte e o nascimento.

O elemento terra liga-nos aos ritmos que subjazem à nossa saúde e mostra-nos o que podemos aprender com a doença, a sabedoria que podemos retirar dela. Faz reflectir a nossa consciência no nosso rosto e mostra-nos quem realmente somos, recordando-nos a nossa impermanência.

A terra proporciona-nos estabilidade, direcção, disciplina e tolerância.

 

ÁGUA

A água influencia a composição dos nossos corpos e as nossas necessidades emocionais. É essencialmente uma força geradora de lubrificação que mantém a união na fusão da matéria entre o mundo subatómico e o mundo celular. No nosso corpo, ela é o factor de coesão que conduz todos os sistemas principais. Este elemento participa na criação de todos os aspectos dos fluidos corporais, desde a urina, linfa e sangue a todos os tipos de descargas e fluidos, tanto internos quanto externos. A água regula o paladar e o seu processo dentro do corpo. Tem influência no processo de adoecer e nos efeitos da doença, e também nos dá energia para impedir que fiquemos doentes. Este elemento influencia o pensamento religioso, as emoções, as mudanças na História da humanidade e o desenvolvimento da fé.

A água cria o pensamento fluido, a compaixão, as qualidades intuitivas e de empatia, a humildade e a generosidade.

 

FOGO

O fogo influencia e dirige a saúde do nosso corpo e da nossa mente. É a evolução e o crescimento da matéria; dentro do corpo manifesta-se como calor, funções digestivas e a centelha dentro dos sistemas reguladores do metabolismo.

O elemento do fogo ajuda a fortificar o sistema imunológico, a defesa do nosso corpo contra a doença. Controla a temperatura do corpo, influencia a circulação e a função cardíaca, bem como a nossa visão. O fogo pode mostrar-nos a razão por que ficamos doentes e de que forma todas as coisas no corpo ficam desligadas sempre que uma parte adoece. Influencia os mundos do dinheiro, dos negócios e da carreira.

O fogo dá origem ao desejo de ultrapassar os obstáculos, de alcançar o autoconhecimento, a inspiração, a sabedoria e a alegria.

 

VENTO/AR

Vento/ar é a poderosa força do movimento que influencia a oxigenação e o movimento pulmonar, neural e linfático. Desencadeia a função cardíaca, levando as cavidades do coração a bombar, enquanto regula a função cerebral, criando a ligação invisível entre a mente, a personalidade e a função do corpo. O vento/ar regula o modo como reagimos aos outros.

O vento/ar controla e dirige a respiração e todos os aspectos metabólicos da respiração. Dirige as funções dos órgãos do corpo.

Pelo facto de influenciar o toque, o vento/ar ajuda-nos – inconscientemente – a ter um certo conhecimento do ambiente que nos é mais imediato. Tem igualmente influência sobre o pensamento académico e a disciplina.

O vento/ar cria a mente que questiona, o amor pelo conhecimento e pela razão, o respeito pela comunidade e o desejo de liberdade.

 

ESPAÇO

O espaço é o elemento subjacente que forma o desenvolvimento da nossa personalidade física e mental. Ele permite a interacção dinâmica entre os outros elementos. Este elemento cria todos os espaços, orifícios e cavidades em todas as zonas do nosso corpo físico e da nossa mente; constitui o nosso potencial para uma expansão da consciência. Também influencia a capacidade de pensar de uma forma criativa.

Este elemento influencia a nossa audição e tudo o que lhe está associado; por exemplo, ouvir boas ou más notícias, e dar ouvidos a mexericos. O espaço é o potencial para a consciência se tornar evoluída e para se libertar; revela o que há de mais elevado em toda a natureza humana.

Explorar o conceito de espaço elementar pode revelar-nos a razão e a forma que nos leva a adoecer, e também nos pode ajudar a activar o rejuvenescimento.

 

Círculo elementar dos elementos

Faça um círculo elementar desenhando um círculo numa folha grande de papel e escrevendo lá dentro os nomes dos cincos elementos. Use uma cor diferente para cada um deles – escolha as cores que considera que condizem com eles. Depois escreva lá dentro os seus sentimentos a respeito de cada elemento. Irá começar lentamente a construir um círculo elementar pessoal e será capaz de ver quais os elementos que estão desequilibrados e quais os que não estão.

Quanto mais praticar este exercício simples, mais estará a estimular caminhos profundamente conscientes entre a sua mente quotidiana e os elementos. Criar este círculo elementar irá igualmente começar a mostrar-lhe quais dos seus hábitos são alimentados por um determinado elemento e ajudá-lo-á a ter uma percepção profunda e imediata do modo como deve proceder para melhorar o estado das coisas.

 

Como compreender e utilizar a nossa natureza elementar

No início ou no final de cada sessão pode começar a ter uma percepção profunda e imediata na sua natureza elementar através da mera observação da forma como as estações se sucedem. Também se pode sintonizar com a Lua quando ela está cheia ou quando é lua nova, olhando para ela e permitindo que os seus sentidos a sintam. Ao fazê-lo, concentre-se nos elementos um por um. Irá senti-los dentro de si. Comece por sentir qual deles é mais dominante e qual é mais fraco.

Ao observar o mundo natural, repare nas correspondências entre os elementos. Em seguida examine a sua personalidade e veja como ela se relaciona com os elementos que mais o atraem na natureza.

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Fonte: wook.pt

Os humores do corpo segundo a filosofia tibetana

A natureza do humor Pneuma

As funções do humor Pneuma, que se situa no centro do corpo, nem sempre são fáceis de ver. O Pneuma é afectado pelos nossos processo de pensamento, pela forma como o sistema nervoso central comunica com o nosso corpo físico e como todos os órgãos centrais percepcionam e interpretam o conhecimento e o transmitem ao cérebro.

Por exemplo, o modo como a nossa pele, o nosso órgão mais vasto, trabalha para nos proteger do ambiente e como actua enquanto condutor da sensação é uma função do Pneuma.

O humor Pneuma também influencia a nossa respiração, ritmo cardíaco, padrões de discurso e níveis gerais de energia. Está associado à avidez, à melancolia e a um tipo de depressão que leva as pessoas a perderem o contacto com o mundo real.

Quando em desequilíbrio, o Pneuma, como o Bile (veja abaixo), pode acelerar o processo de doença. O stress e os padrões negativos podem fazer aumentar o Pneuma e o Bile, o que conduz á falta de ar, choque, trauma ou erupções cutâneas, ou também podem fazê-lo diminuir, originando cãibras ou problemas no intestino, no pâncreas, no fígado ou na vesícula.

O Pneuma revela os seus efeitos no corpo e na mente através da secura e da leveza. As pessoas com o Pneuma como humor dominante têm normalmente corpos angulosos e uma estrutura óssea pronunciada, ostentando por vezes uma postura arqueada. São magros e têm um tom de pele levemente azulado. As suas articulações podem ter uma certa tendência para estalar ou parecerem um pouco hirtas no movimento. Constipam-se e arrepiam-se com facilidade. Adoram cantar e discutir, gostam de situações perigosas e de correr riscos, e necessitam de um qualquer tipo de drama na sua vida. Podem ser extremamente sentimentalistas e ingénuos. Gostam de comidas picantes e ácidas, bem como de bebidas alcoólicas fortes.

Todas as crianças, desde o nascimento até aos onze anos, são do tipo Pneuma. Depois dessa idade, separam-se em categorias de humor diferentes, algumas continuam a ser do tipo Pneuma. Os adultos do tipo Pneuma podem ser muito espiritualistas e aparentemente felizes, mas são simultaneamente depressivos. Oscilam na corda bamba. Uma pessoa do tipo Pneuma cujo humor esteja em equilíbrio pode, por exemplo, ajudar os outros sem esperar recompensa ou reconhecimento.

As pessoas do tipo Pneuma podem melhorar a sua capacidade de se curarem a si próprias ao desenvolverem a clareza mental através da meditação ou simplesmente pelo facto de pararem e de se entregarem à contemplação. Isto irá ajudá-las a entrarem em contacto com o conhecimento, que constitui uma poderosa fonte de energia, tanto física como mental, dentro delas. Tudo aquilo de que precisam está lá, apenas à espera de ser descoberto.

As pessoas que são predominantemente Pneuma com um humor subdominante Bile são baixas e muitas vezes atarracadas, uma vez que os dois humores juntos geram uma poderosa interacção e uma tensão dinâmica de forma que a altura e magreza do tipo Pneuma puro desaparece e a energia empática do humor Bile predomina. Os tipos Pneuma/Bile tendem a concentrar-se muito na ambição e no sucesso. Esta combinação de humores produz professores e negociantes natos. São apaziguadores e muitas vezes vistos como exemplo do potencial humano.

As pessoas que combinam o Fleuma com um Pneuma dominante podem ser tímidas, mas também têm a tendência a ser curiosas em relação a tudo. Os adultos que têm esta combinação são normalmente baixos e intimamente ligados às forças da terra. Ostentam por vezes um leve tom dourado nas mãos e pés, enquanto o resto da pele apresenta uma tonalidade clara.

Um indivíduo que tenha um tipo Pneuma em desequilíbrio é o tipo que nos está sempre a importunar nas festas, a falar sobre si próprio e que fica muito aborrecido quando nos vamos embora, ou o tipo que nos pede dinheiro nos aeroportos ou quando vamos às compras. Os intrometidos, os bisbilhoteiros e os fanáticos religiosos também entram nesta categoria, bem como a maioria dos políticos, porque lidam com ideias e falam com muito poucas manifestações físicas.

Em termos de sociedade, a televisão e os media a ela associados, o software informático e a Internet são bons exemplos do humor Pneuma, trabalham com energia invisível ao olho humano, mas que se infiltra em todas as culturas do mundo.

CARACTERÍSTICAS DE SE ESTAR EM EQUILÍBRIO

As pessoas que pertencem ao tipo Pneuma são cheias de energia quanto estão em equilíbrio, muito intuitivas e desejosas de ajudar os outros. Têm corpos flexíveis, fortes e elásticos que alimentam com a sua dieta preferida de fruta fresca e vegetais, complementada por um pouco de carne e lacticínios, sentem-se fascinadas pela música e pela dança e o que as torna mais felizes é a exploração do seu potencial espiritual.

As personalidades Pneuma/Bile partilham as características do tipo Pneuma quando estão em equilíbrio, mas são mais introvertidas, com súbitas erupções de energia dirigida e concentrada para os níveis mais elevados.

Os tipos Pneuma/Fleuma encontram a harmonia quando se empenham no mundo natural. Serenos e amáveis quando estão em equilíbrio, são dotados de uma grande capacidade para compreender as forças da natureza e para o comunicar aos outros. Compreendem a energia natural do planeta e têm jeito para tratar de plantas e de animais.

SINTOMAS DE DESEQUILÍBRIO DO PNEUMA

Pneuma: insónias, aversão a espaços abertos, ansiedade se motivo aparente, uma infelicidade generalizada, dores nas articulações, contracções involuntárias, perda muscular, problemas neurológicos tais como doença de Parkinson e demência, problemas respiratórios, dormência das extremidades, súbitos ataques de fadiga ou de energia, e fortes desejos de comida, álcool, drogas ou pessoas.

Pneuma/Bile: pode apresentar qualquer um dos sintomas que acabámos de descrever, mas apenas um de cada vez. Quando em desequilíbrio, esta combinação de humores tem tendência a manifestar sintomas isolados, do foro físico ou emocional, que surgem de forma repentina e não duram muito tempo, deixando a pessoa do tipo Pneuma/Bile exausta.

Pneuma/Fleuma: os mesmos sintomas descritos para ao Pneuma, mas de uma forma lenta e continuada; quando em desequilíbrio, os tipos Pneuma/Fleuma adoecem muito lentamente e podem nem fazer ideia de que sofrem de uma doença latente.

COMO CURAR OS DESEQUILÍBRIO DO PNEUMA DE ACORDO COM CADA ESTAÇÃO DO ANO

Primavera: Beba sumos frescos á temperatura ambiente pela manhã. Beba pequenas quantidades de cerveja preta acompanhada de tubérculos assados e carne escura ou peixes gordos. Dedique algum tempo a contemplar o crescimento em seu redor, se puder, trabalhe num jardim ou numa quinta. Massaje os seus pés, pernas, mãos dedos e braços durante vinte minutos duas vezes por dia; evite fazer sestas à tarde, mas deite-se cedo.

Verão: À tarde, tome um banho de sol de uma hora. Tome banhos longos e quentes duas vezes por dia, meia hora de cada vez. Rodeie-se de uma ambiente calmo e de amigos que o apoiem. Beba sumos de vegetais acabados de fazer e sumos de fruta ao pequeno-almoço. Evite comer saladas cruas – ao invés, faça vegetais levemente escaldados ou folhas um pouco murchas. Como tubérculos assados. Evite a carne, o café, o chá, o álcool, os pudins e os doces.

Outono: Passe algum tempo perto de águas correntes. Ouça música calma, leituras em voz alta, e o som do riso das crianças (ou de adolescente e adultos de espíritos jovens). Como pouco mas várias vezes ao dia e evite os doces e álcool.

Inverno: Brinque com crianças alegres e cães saudáveis. Sente-se a contemplar uma lareira acesa, mas não deixe ficar demasiado quente. Queime incenso com um aroma relaxante, como sândalo, a mirra, o olíbano, o jasmim ou qualquer incenso tibetano. Ingira alimentos quentes e reconfortantes, tais como sopa e guisados, mas evite pratos demasiadamente doces ou condimentados com especiarias. À noite é benéfico que faça refeições com bastante gordura acompanhada de cerveja preta. Massaje todo o seu corpo suave e firmemente durante vinte minutos quando acordar e quando se for deitar, usando para isso óleo de sementes de sésamo, de manteiga purificada (ghee) ou qualquer óleo vegetal grosso.

 

A natureza do humor Bile

Este é o humor de aquecimento, situado na região esquerda do corpo, que estimula a digestão e as funções do sistema imunitário e controla o ritmo cardíaco, a digestão, a respiração e o processo excretório, entre outras funções do corpo. Também os reflexos do corpo são controlados por este humor.

O Bile influencia a cólera e também o riso. As pessoas com este humor dominante tendem a ser irritáveis e a aborrecer-se. (…)

 

A natureza do humor Fleuma

O Fleuma, que tem a sua origem no lado direito do peito, é uma função calma, com uma posição profunda que está relacionada com a acção de manter tudo a funcionar como um conjunto. Quer em termos físicos quer mentais. A melhor imagem para o caracterizar é a de uma cola que se move lentamente, clara e pegajosa que une mas no entanto encoraja ao crescimento. O Fleuma influencia os ossos, o desenvolvimento muscular, as funções metabólicas e todos os ciclos maiores do corpo, bem como a natureza do processo através do qual criamos as memórias e daquilo que percepcionamos como verdadeiro ou falso.

A energia de Fleuma inspira os pensamentos profundos e o interesse pela filosofia, inspira também o desejo de todo o tipo de criatividade, desde fazer dinheiro até a obras de arte. Quando se encontram em equilíbrio os indivíduos do tipo Fleuma preferem alimentos leves e simples e sentem-se felizes quando ajudam os outros a encontrar a sua própria realização e bem-estar.

O Fleuma pode entrar em desequilíbrio se uma pessoa for muito tímida, excessivamente séria, fechada em termos emocionais ou se negar a sua própria capacidade para alcançar qualquer sentido mais elevado de felicidade ou espiritualidade. Ao envergarem o seu sobretudo fleumático para se protegerem da dor emocional, começam a desgastar a capacidade do seu corpo de se curar a si mesmo e provocam a diminuição das suas capacidades mentais.

A sociedade humana não poderia evoluir e progredir sem este humor, porque ele dá-nos um sentido de continuidade, de história e de consciência cultural. Todas as estruturas religiosas são fleumáticas, o mesmo acontecendo com instituições como bancos, a bolsa de valores, as forças armadas e o governo.

As organizações caritativas, tais como o Exército de Salvação, são fleumáticas na sua natureza devido ao seu desejo de melhorar as vidas das pessoas e de trazer estabilidade. As influências fleumáticas negativas podem ser observadas em pessoas que deixam que os seus empregos as definam e também nas manifestações de obstrução das grandes burocracias.

CARACTERÍSTICAS DE SE ESTAR EM EQUILÍBRIO

A combinação Fleuma dominante/Pneuma subdominante é favorável às pessoas que defendem a tradição e que desejam criar instituições de solidariedade perduráveis. Elas sabem instintivamente como utilizar as forças materiais em benefício da sociedade. Os indivíduos com a combinação Fleuma/Pneuma têm tendência para ser gorduchos, introvertidos, meditativos e de altura mediana.

Os indivíduos com a combinação Fleuma/Bile também respeitam a tradição, mas não têm quaisquer pruridos em abandonar tradições obsoletas e em criar ondas de um modo geral. São o tipo de pessoas que usam a força mental para darem origem a novas formas de pensamento, escolhendo como meio de comunicação a palavra escrita.

Os indivíduos com o Fleuma dominante sentem-se frequentemente frios, com calafrios ou desconfortáveis no seu corpo, independentemente do tempo ou do ambiente. Têm tendência para engordar e a sua tez apresenta um tom pálido. Têm constituições fortes que se movem lentamente. Costumam ter vidas longas. Apreciam comidas e bebidas de sabores ácidos e sai muitas vezes fumadores.

O Fleuma combinado com Bile torna a pessoas muito sensual, com apetência pela expressão artística e física. Estas pessoas são muitas vezes altas, flexíveis e de pele bronzeada. É provável que sofrem de um certo complexo de superioridade e são facilmente influenciadas por coisas superficiais.

SINTOMAS DE DESEQUILÍBRIO DO FLEUMA

Fleuma: Erupções e doenças cutâneas, problemas oftalmológicos, pulmonares, distúrbios hormonais, falta de virilidade, infertilidade e gravidezes problemáticas, distúrbios alimentares, obesidade, problemas ósseos, depressões que degeneram em violência, alcoolismo, esgotamentos, exaustão motivada pelo trabalho ou por outras circunstâncias.

Fleuma/Pneuma: Aplica-se o mesmo dito atrás, mas esta combinação experimenta um ou mais sintomas de forma muito intensa durante um longo período, uma vez que o humor Fleuma domina o humor de cura Pneuma, à semelhança de um tijolo (Fleuma) assente sobre uma pena (Pneuma) e a pregá-la ao chão.

Fleuma/Bile: Aplica-se o que ficou dito atrás, com diferença de que os sintomas apenas se tornam aparentes em alturas em que os indivíduos se encontram sujeitos a pressões.

COMO CURAR DESEQUILÍBRIOS DO FLUEMA DE ACORDO COM AS ESTAÇÕES

Primavera: Coma muito peixe e vegetais cozinhados, leguminosas e cereais, e um pouco de carne vermelha duas vezes por semana. Evite o álcool, o café e o chá. Faça muito exercício físico, principalmente trabalhos manuais e natação em rios ou no mar, se for possível. Dedique dez minutos do seu dia a fazer uma sauna ou um banho turco. Faça uma massagem com um unguento de aroma forte durante quarenta minutos, três vezes por semana a meio da tarde. Cozinhar e fazer bolos, e pura e simplesmente conversar com amigos na cozinha podem ser coadjuvantes da cura.

Verão: Tente viver num ambiente quente, seco, percorrido por brisas suaves, com cenários encantadores, paisagens bonitas e espaços abertos. Ouça ou toque música romântica. Permaneça tranquilo durante a manhã e dedique-se a actividades leves durante a tarde. Faça a mesma dieta que foi indicada para a Primavera. Faça massagens três vezes ao dia de quinze minutos a uma hora antes de cada refeição, com movimentos fortes, contínuos e circulares no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio utilizando para isso farinha de grão-de-bico ou talco. Deite-se antes das dez de forma a estimular os ciclos do corpo a melhorarem o seu equilíbrio em termos de humores.

Outono: Uma vez mais, fala imenso exercício e faça a mesma dieta recomendada para a Primavera e Verão, evitando o álcool, o café e o chá. Faça massagens a si mesmo com óleo aquecido durante uma hora ao acordar, duas vezes por semana; massaje sempre o corpo de cima para baixo, da cabeça para os pés, em movimentos curtos e suaves. Tome um banho quente durante dez minutos a meio da tarde todos os dias.

Inverno: Faça massagens da mesma forma que foi descrita atrás, três vezes por semana, ao acordar. Coma peixe e cereais, usando um pouco de especiarias apenas à noite, mas não ingira carne nenhuma. Evite igualmente o sal, pois ele só acentua o desequilíbrio.

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Fonte: wook.pt

 

PROBLEMAS DE DEPENDÊNCIA E COMPORTAMENTOS INADEQUADOS DE TODO O TIPO

As dependências e os comportamentos inadequados de todo o tipo são explosões emocionais resultantes de uma crise espiritual. Quer a dependência seja química que ser seja psicológica o problema é o mesmo, segundo os ensinamentos médicos tibetanos. Um comportamento inadequado é qualquer pensamento ou acção que nos causa a nós ou a outra pessoa dor de qualquer tipo. A dependência é a sua própria dor e surge porque a alma da pessoa se encontrar em  estado de choque e em maus estado. As estruturas que permitem que o indivíduo viva no mundo normal entrara em decadência porque um forte sentimento de separação e perda foi experimentado. Isto pode acontecer devida a repetidas infelicidades de qualquer tipo que causam danos no íntimo da pessoas a ponto de ela se sentir incapaz de se entender a si mesma, de entender a realidade que habita ou o resto do mundo.

Muitas pessoas que sofrem de dependência são espitirutalmente altamente evoluídas, mas que nunca tiveram a oportunidade de desenvolver completamnete as ua sabedoria interior. É como se as suas mentes e corpos nõa foseem capaes de lidar com a sua consciência espiritual interior de tal moso que simplesmente se despeçam. E sentem que, à semlhança de Humpty Dumpty*, nunca mais poderão voltar a recompor-se.

As pessoas que sofrem de dependência usam-na para evitarem confronto com os seus senitmentos verdadeiros. Isto dá origem a que se estabelça uma espécie de resposta automática que utiliza sempre o mesmo modelo emocional, utilizaria a dor de ter de lidar com a vida diária como motivo para beber – qualquer motivo, desde uma discussão com a pessoa amada a problemas no emprego. Haveria sempre uma justificação. Aparentemente o álcool esconderia a dor, mas de facto estaria a transformá-la num combustível emocional capaz de conduzir o alcoólico através de mais um dia.

A meditação que permite criar a dor é uma parte crucial de um processo de recuperação mais amplo. Este exercício permite que o desejo cure a dor emocional com a origem na dependência e cria uma sensação de bem-estar. Ajuda as pessoas a enfrentarem o facto de sofrerem de uma doença de dependência, e é igualmente benéfico para aqueles que têm uma doença terminal.

 

Meditação

Deite-se de costas, estenda-se ao comprido e respire normalmente. Concentre-se no seu coração tísico e escute o batimento cardíaco.

Agora focalize-se na sua dependência. Veja a sua dependência a pulsar através de si ao ritmo do seu batimento cardíaco. Através deste batimento sinta os limites exteriores do seu corpo físico. Observe como a sua dependência e o seu corpo reagem um ao outro. Inspire e expire.

Dirija o máximo de amor possível à reacção que se estabelece entre o seu corpo e a sua dependência. Lembre-se de que embora a sua dependência seja uma crise espiritual, ela manifesta-se no seu corpo através da sua energia emocional. Agora permaneça tão tranquilo quanto possível.

Sinta o amor que criou. Receba da melhor forma os sentimentos que experimentou como resultado deste exercício.

 

Situações que beneficiam desta meditação:

  1. Emocionais: desespero total, desejo de suicídio ou comportamento violento para consigo mesmo ou para com os outros, súbitos ataques de choro ou cólera, obsessões com experiências negativas.
  2. Físicas: atenua a dor física que tem origem na deterioração dos nervos ou uma doença terminal; encoraja o corpo ao descanso e permite uma melhor oportunidade de funcionamento dos sistemas de cura do corpo; pode ajudar nas funções circulatória, de eliminação e digestiva; ajuda a acabar com as dores de cabeça provocadas pelo stress ou a atenuá-las.

 

Darryl sofria de uma dependência de proporções épicas. Ele era incapaz de resistir ai álcool, drogas, sexo, compras e ao seu próprio ego. Tento emendar-se muitas vezes, mas sem êxito. Em parte porque também estava viciado na dependência – ela transformara-se na sua razão de existir. Ele confessou-me que queria realmente curar-se mas não sabia como. Sentia-se impotente. Apesar de, como todos os dependentes, se comportar como se não se importasse nada com os outros, era de facto extraordinariamente sensível a ele. E o que sentia magoava-o tanto que ele cedia às suas dependências. À medida foi utilizando a meditação, foi-se apercebendo de que era menos afectado pelas outras pessoas e pelo mundo à sua volta. Sentia-se suficientemente forte para ir ao terapeuta com regularidade e frequentar um grupo de apoio. Ambos o ajudaram a lidar com as causas da sua dependência. Hoje vive feliz e trabalha como terapeuta.

 

*Humpty Dumpty – Personagem criada por Lewis Caroll, que representa um ovo antropormófico. Está sentado no cimo de um muro e tenta manter o equilíbrio pois sabe que se cair nunca mais se poderá recompor. O seu formato oval simboliza a instabilidade e a vertigem.

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Fonte: wook.pt

PADRÕES DE PENSAMENTO DESAJUSTADOS

  1. Padrões de pensamento que nos tornam optimistas a um nível irrealista:

O optimismo é um impulso natural do processo do pensamento. O optimismo exagerado é uma energia que não é aperfeiçoada e equilibrada. As pessoas que são exageradamente optimistas estão mais propensas a criar fantasias que sabem que não se irão realizar do que a criar um projecto a partir do qual possam trabalhar. Apesar de gostarem genuinamente dos outras, as pessoas que pensam desta forma sentem-se muitas vezes profundamente sós. Quanto mais nos deixamos envolver pelos padrões de pensamento que nos tornam exageradamente optimistas, tantos mais desligados ficamos das emoções. Se não entrar em equilíbrio, este impulso pode originar uma exaustão emocional. Do ponto de vista da medicina tibetana, ele pode também conduzir a um crescente estado de pânico interior e de ansiedade que pode contribuir para que o pensador se torne susceptível a cancros de garganta, pulmões ou tiróide. Dores lombares, enxaquecas e fobias têm também a sua origem neste estado.

Um bom pensador é um arquitecto da consciência. O pensar correcto é o processo de reunir energia invisível e de construir um edifício que torna as ideias ou as eventualidades reais. Se nos tornarmos pensadores ajustados, iremos testemunhar uma profunda mudança em termos sociais, culturais e globais. Passaremos a ser mais responsáveis pelas nossas acções. Compreenderemos a necessidade da cooperação mútua. Iremos sentir o impacte do pensamento à medida que ele ocorre, e o mundo tornar-se-á interligado por uma conexão empática que ajudará a definir as nossas sociedades como um todo, originando uma maior integração social. Estaremos a dar o primeiro passo para nos compreendermos uns aos outros.

 

  1. Padrões de pensamento que nos levam a ser medrosos, sombrios e deprimidos:

Possivelmente, todos nós nos sentimos receosos e em baixo um momento ou noutro da nossa vida. No entanto, quando o padrão de pensamento de alguém começa a incluir estes estados mentais numa base regular ou diária, a medicina tibetana considera que a mente está a reagir a forças cármicas que foram criadas porque o indivíduo foi avassalado pelo mundo que o rodeia.

De um modo geral, as pessoas que experimentam estes estados vivem com receio de comunicar com os outros. O conceito de timidez cobre esta experiência até certo ponto, mas no âmago deste medo de comunicar está na verdade um profundo sentimento de isolamento e de abandono. Se este estado não for curado, o indivíduo pode ficar susceptível a comportamentos de dependência, doenças mentais, problemas de pele e do sistema nervoso central á medida que a idade for avançando.

 

  1. Padrões de pensamento em que nos encontramos focados apenas em resultados materiais, tais como dinheiro, a carreira e os relacionamentos:

Focarmos totalmente a nossa atenção nas posses, no controlo sobre os outros, nos recursos e nos eventos, no dinheiro e nos bens mundanos acabará por ser equivalente a cometer um suicídio lento. As pessoas que agem desta forma esqueceram-se de como viver. Divorciaram-se da vida, o mais triste é que há milhões de pessoas que vivem assim, gerando inquietação social e a lenta deterioração da integridade social, o que exerce uma pressão invisível sobre os outros para que ajam em conformidade.

O leitor pode achar que tal é compreensível, até mesmo digno de admiração, que uma pessoa que seja pobre pense de forma obsessiva em dinheiro e no trabalho. Mas na realidade esse comportamento faz diminuir as suas oportunidades de progresso porque o seu pensar obsessivo começa a desenvolver-se dentro dela e cria pilhas mentais de lixo. Quanto mais estreito for o nosso foco, tanta mais as oportunidades de mudança que perdemos. Corremos o risco de cair na armadilha de agirmos de acordo com a nossa obsessão e não de acordo com o nosso objectivo.

As pessoas que se focam nos relacionamentos fazem-no porque esperam que aqueles em quem se estão a focar lhes permitirão ter o controlo da sua (delas) própria situação. Da mesma forma, as pessoas que fazem de si mesmas o centro das atenções usam os outros como amortecedores para se protegerem das dificuldades imaginadas nas suas vidas.

Se uma pessoa rica tiver uma visão estreita a respeito do trabalho e do dinheiro, isso advém de uma falta de fé nas suas realizações: ela sente que no fundo não tem qualque valor. Conheço um bilionário que está preso na armadilha do mundo que ele mesmo criou. Não tem qualquer fé naquilo que conseguiu e, no entanto, sente que deve organizar tudo para que possa continuar como está. Dorme pouco, veste-se com simplicidade e tem um carro pequeno, não porque assim deseje, mas porque não consegue dar valor à sua riqueza e aos seus feitos. Sente receio das pessoas e está a começar a compreender porquê.

Por vezes esse tipo de pessoas foca-se exclusivamente em relacionamentos intensos com uma pessoa, ou com um grupo de pessoas em especial. Isto deve-se ao facto de elas quererem gostar de si mesmas e de aprovarem a si mesmas. As pessoas para quem olham são espelhos que reflectem a imagem que desejam ver e em que querem acreditar.

Este tipo de pessoas é susceptível a arterites, reumatismo, gota, doença de Parkinson, síndrome de Steele, e a um vasto leque de doenças inflamatórias e do sistema nervoso. Os cancros da vesícula biliar, do fígado e do intestino são também comuns.

 

  1. Padrões de pensamento em que nos encontramos obcecados com as actividades físicas e sexuais:

Quando uma pessoa apenas se ocupa destes assuntos, isso significa que ela se encontra emocional e espiritualmente bloqueada. Não é porque procuram um intimidade emocional que elas pensam assim. Fazem-no porque inconscientemente sentem que perderam ligação com as energias espirituais da sua personalidade e com o mundo que as rodeia. E por isso se concentram nas actividades físicas ou sexuais para encontrarem vitalidade e energia, e para se sentirem em ligação e vivas.

Distúrbios do sistema musculoesquelético são comuns nas pessoas com este padrão de pensamento, tal como o são as crises súbitas de depressão. A maioria experimenta uma grande solidão nos últimos anos de vida.

 

  1. Padrões de pensamento em que nos focamos nas actividades espirituais, artísticas e religiosas, enquanto negamos o mundo material, a nossa própria cultura e a sua influência sobre nós:

Este género de padrão de pensamento ocorre porque a pessoa está absorvida pela busca da verdade e de um sentido para a vida, mas a forma de efectuar essa busca é desajustada e nada produtiva. A transformação espiritual, o empenho artístico ou a vocação religiosa imbuídos de um valor perdurável vêm através de alguma forma de interacção com a nossa própria cultura, com as realidades materiais e com a arte. Estes são os catalisadores e os meios através dos quais os padrões de pensamento construtivos e libertadores têm lugar nesta vida.

As pessoa que desenvolvem este tipo de padrão de pensamento são susceptíveis a dependências de todos os tipos, a doenças mentais, a todas as formas de cancro, doenças de dentes, distúrbios dos órgãos reprodutores, dos olhos e da visão. Também têm tendência a não gostar da humanidade, a não obedecerem à autoridade e a serem intolerantes em termos culturais.

 

Quanto maior for o nosso conhecimento a respeito destes padrões de pensamento negativo, maiores serão as nossa capacidades de desenvolvermos um pensar construtivo. O simples facto de estarmos conscientes deles permite-nos começar a limpar a nossa mente destes pensamentos indomados e da dor emocional que originam. Podemos fazê-lo olhando profundamente para dentro de nós mesmos durante alguns minutos todos os dias e reflectirmos se algum deles ou se todos eles se encontram instalados dentro de nós. Com uma rapidez surpreendente, passaremos a ter um insight em relação ao modo como um tal processo de pensamento afecta a nossa personalidade, e também em relação ao modo como nós afectamos os outros e o mundo à nossa volta. Isto, por sua vez, reduz o conjunto da ocorrência cármica na nossa vida.

Á medida que as nossas energias mentais e espirituais se vão fortalecendo, o nível geral do nosso processo de pensamentos cai-se tornando mais forte, o mesmo acontecendo com a qualidade das nossas experiência emocionais, este processo de compormos o nosso próprio carma tornar-se-á também ele profundo, sem esforço. Daremos por nós imbuídos de um sentimento mais profundo de responsabilidade pela forma com pensamos e nos comportamos connosco mesmo e com todas as criaturas vivas. Se decidirmos aceitar esta responsabilidade, começaremos a compreender que todas as criaturas vivas procuram comunicar.

O que desejam comunicar é sabedoria, felicidade e a compaixão incondicional que flui através de todos nós e que constitui a nossa base enquanto criaturas vivas.

 

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Fonte: wook.pt

 

Como vemos o mundo

De acordo com a medicina tibetana, o corpo é a expressão física de energias mentais geradas pelo cérebro. A natureza destas energias é criada pela forma como cada pessoa interpreta o mundo à sua volta.

Embora consideremos que estamos a reagir instantaneamente a tudo o que nos acontece, estamos, na verdade, sempre a viver no passado, porque os nossos cérebros apenas podem reagir através dos nossos sentidos. Reflictamos sobre isto, e chegaremos à conclusão de que a nossa reacção está sempre alguns segundos atrasada em relação ao acontecimento que a originou devido ao tempo que é necessário para o processamento através dos nossos sentidos e do nosso cérebro. O nosso sentido de instantaneidade é uma ilusão. Aquilo que achamos que está a acontecer agora mesmo faz já parte do passado.

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A nossa sabedoria interior e os nossos estados de consciência mais elevados são a única base da felicidade espiritual individual. Eles reflectem a humanidade mais elevada que liga todos os indivíduos da espécie humano. Mas nós sentimo-nos separados deles. Neste mundo conturbado, a cuidadosa compreensão do passado, do presente e do futuro pode originar um grande insight.

Muitas pessoas compreendem que o nosso planeta é uma mera transição para um plano mais evoluído. Mas muitas vezes o que acontece é que fechamos essas mesmas percepções que nos podem revelar a nossa luz interior, e assim permanecemos confinados a este mundo e às emanações materiais. se não começarmos a procurar aquilo que vemos como o céu ou uma consciência mais elevada, o risco que corremos é o de o inferno e os estados da mente infernais começarem lentamente a apossar-se de nós.

A nossa Terra está a atravessar uma adolescência penosa, pois não só a humanidade é uma espécie nova como também se passa o mesmo com o pedaço de rocha sobre o qual vivemos. Vivemos numa espécie de puberdade global. Entalados entre o velho e o novo, esquecemo-nos da constante que permanece lá, independentemente da História, dos calendários ou da política: e que é a nossa capacidade enquanto indivíduos e enquanto espécie para nos religarmos uns aos outros e às dádivas da natureza. Para que isto possa acontecer temos de deixar que a nossa humildade assome à superfície. A humildade é a base da generosidade.

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Todos nós somos sábios. Todos temos acesso à verdade interior. Ninguém é detentor único da chave para a verdade. Confie na sua dignidade e consciência emergentes. Não tente agarrá-las à força. Receba-as e desfrute.

Viva cada dia não como se fosse o último, ou como se nunca tivesse vivido antes, mas pelo que ele é: uma experiência desconhecida, que encerra a potencialidade de lhe oferecer uma ligação à sua humanidade e felicidade. Temos de compreender que o processo de viajar em direcção aos nossos sonhos é em si mesmo uma experiência espiritual.

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A alma não é eterna. Uma alma dura o tempo de uma vida incluindo o processo de morrer. Depois desfaz-se – um processo espiritualmente biodegradável da mente. Portanto, nós não renascemos completos com uma alma, mas chegamos a esta vida na posse de todos os ingredientes para criarmos uma.

(…)

O céu nocturno, brilhante e forte, estendia-se sobre a noite. Estava tudo imóvel; não havia vento, nem sequer uma leve brisa. Lá em baixo o lago apresentava-se plácido, pensativo. A montanha, acima de nós, permanecia forte, desafiadora e sábia.

«Esta noite vamos começar a aprender a criar uma alma.», disse Urgyen, o meu instrutor. «Todos nós nascemos sem alma, e a maioria das pessoas não sabe como criar uma. Em primeiro lugar temos de começar por observar a energia da nossa alma. Observa.»

Ele fixou o olhar no outro lado do vale. Tudo se tornou ainda mais imóvel do que anteriormente. Levantou a sua mão direita no ar, com a palma virada para a noite. Começou a entoar um cântico, lento e longo, e tudo o que se encontrava diante de mim se incendiou de luz e chamas claras. O meu queixo caiu-me nos joelhos; uma parte de mim não conseguia acreditar no que eu estava a ver. Mas a minha dúvida desvaneceu-se quando olhei mais atentamente: o céu, as estrelas, as árvores, o ar, a montanha, o lago, o monte onde me encontrava tornaram-se uma chama incandescente. Então olhei para baixo, para mim mesmo: também eu fazia parte daquela chama.

«Esta é a energia de que são feitas todas as coisas», afirmou Urgyen. «É a consciência. És tu e eu, e todas as criaturas viventes. É esta energia que forma a nossa mente e a nossa alma.»

Subitamente desapareceu. As estrelas, a montanha e o lago voltaram a ser como eram.

 

in A Arte Tibetana de Viver por Christopher Hansard

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Fonte: http://www.wook.pt